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Amar custa caro! Sobre o Deus Trino e o amor humano

  • Bruno Franguelli,sj
  • 24 de mai. de 2016
  • 2 min de leitura

Deus é três! Esta é a definição que expressa o mais alto mistério cristão. Deus é plural e diverso sem deixar de ser comunhão e harmonia. Afirmar a Trindade não significa professar uma matemática teológica, complicada, cheia de fórmulas exatas e incógnitas difíceis de decifrar. Trata-se de afirmar que o Amor, arché de todas as coisas visíveis e invisíveis, é sempre uma Tríade de diferentes sonhos, desejos e aspirações mais profundas que unidos forjam uma única realidade.


Mas alguém poderia perguntar: Porque o Deus cristão revelou-se três e não um, dois, quatro ou mais? Teólogos de todos os tempos já se fizeram tal pergunta e formularam suas respostas com muita profundidade. A expressão que mais me satisfaz é aquela: “Deus não é a solidão de um, nem o fechamento de dois, mas a comunhão de três!” Como Deus poderia ser amor se fosse apenas um solitário? Poderia amar somente a si mesmo? Não chamariamos tal situação de narcisismo ou mesmo egoísmo? Se Deus fosse apenas dois, não seria este amor apenas algo bonito e romântico, mas condenado à uma espécie de fechamento? Neste sentido, com a profissão Trinitária, a intimidade divina se alarga, derrama-se em abundância e se revela extrema caridade. Esta sim é a real plenitude do Amor. O amor entre o Pai e o Filho é tão sólido, tão profundo, tão pleno de vida que este é uma Pessoa: o Espírito Santo!


A relação Trinitária que professamos com os lábios está totalmente relacionada com as nossas relações humanas. A realidade do mundo imanente de Deus não está distante daquela que almejamos no mais profundo de nós mesmos. Queremos viver aquela comunhão plena, completa e real da Trindade! E deste mais intenso desejo, quem pode escapar?


Mas não nos iludamos! O amor Trinitário é kenótico, ou seja, é capaz de abraçar a realidade do amor até as suas últimas consequências. Deus se esvazia, sofre e morre por ser fiel à sua própria essência: amor! Este é o maior escândalo do Deus Cristão: Com a encarnação de Jesus, Deus se dilacera a si mesmo, deixa ir para longe o melhor de si por amor à Humanidade.


E nós, candidatos ao amor, que com tanta facilidade o romantizamos e infantilizamos, estamos conscientes que amar significa também estar dispostos a perder? E perder não o que nos sobra, mas justamente aquilo que pensamos ser mais valioso em nós? Talvez este seja um dos principais motivos pelo qual, infelizmente, nossos relacionamentos estão cada vez mais líquidos e sem compromissos duradouros: Queremos amar e ser amados, mas não estamos dispostos a perder nada!


Aquilo que os nossos lábios pronunciam enquanto nossos dedos traçam o sinal da cruz sobre a testa e o peito deveria fazer-nos recordar que AMAR CUSTA CARO!


 
 
 

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