Primeiramente pedimos desculpas por publicar esta notÃcia, que talvez incomode ou retire o teu apetite nas vésperas das grandes festas que acontecem em nossa ilustre capital. Mas, como é nosso dever deixar nossos concidadãos a par de tudo o que está acontecendo, decidimos por bem publicar esta notÃcia.
Morreu ontem o conhecido pregador Jesus, proveniente da periferia da Galileia. Talvez alguns de vocês devem se lembrar dos grandes tumultos que ele causava entre os religiosos e responsáveis pelo Templo. Sua morte foi aclamada por uma imensa população que decidiu libertar o famoso assassino Barrabás e entregar o responsável pela baderna para ser crucificado.
Jesus tinha trinta e poucos anos. Ele circulou por nossas terras pregando um certo Reino de Deus e - dizem alguns - que fez até milagres. Era um homem de origem humilde, filho de carpinteiro e viveu até os trinta anos nos subúrbios de Nazaré na Galileia. Depois que deixou sua terra, chamou doze homens para que caminhassem com ele e estes se tornaram seus discÃpulos. Chegou a insultar o rei Herodes chamando-o de raposa. Foi acusado também de se opor ao nosso majestoso rei César. Porém, não era um revolucionário exclusivamente polÃtico, mas também religioso. Foi tido como insultador da Lei dos judeus e de suas práticas religiosas. A fúria dos religiosos aumentou ainda mais quando o jovem declarou ser filho de Deus. Assim, foi acusado de herege e várias vezes foi ameaçado de morte pelos cidadãos de bem, os filhos de Abraão.
A situação começou a complicar nos últimos dias, justamente nestes tempos de festas em que a nossa cidade está repleta de peregrinos. Segundo informações seguras, ele foi traÃdo por um daqueles que sempre estiveram com ele. Pelo preço de algumas moedas o discÃpulo entregou seu mestre nas mãos dos judeus e estes o julgaram, condenaram e o jogaram nas mãos de Pilatos. Este, com medo que o tumulto aumentasse ainda mais, cedeu a pressão dos judeus e de uma grande parte do povo e entregou o jovem pregador para ser crucificado. Afirmaram algumas testemunhas que preferem não se identificar, que o jovem não disse nenhuma palavra em sua defesa durante todo o processo. Somente afirmava que era rei de outro mundo e que tinha o Pai dos Céus olhando por ele. Ninguém teve notÃcia dos seus discÃpulos. O réu permaneceu sozinho durante quase todos os momentos da sua condenação. Foi condenado como subversivo, inimigo do povo e inimigo de Deus. Sua mãe, Maria de Nazaré, um tal discÃpulo e algumas mulheres - que não são de boa fama - foram as únicas pessoas que o acompanharam segundo as possibilidades que os guardas permitiam. Estes o seguiram até o fim!
O pregador foi cruelmente açoitado, torturado e muito ferido antes e durante a caminhada que precedia sua morte. Carregava uma cruz pesada e em alguns momentos não aguentou o peso sobre os ombros e caiu. Uma multidão seguiu de perto o trajeto. Enquanto alguns choravam e se desesperavam, outros ignoravam a dor do jovem e até gritavam-lhe injúrias dizendo: "morra marginal!", "bandido bom é bandido morto!". Ao chegar ao Gólgota, foi crucificado. Após dizer algumas palavras, não resistiu e morreu.
E assim, a sentença contra o jovem pregador da periferia foi consumada. Morreu fora dos muros de Jerusalém e longe da sua própria Religião. Morreu como herege, morreu indignamente, e sua nudez, todos pudemos ver, porque até os trapos pobres que o cobriam lhe foram roubados.
Desejamos uma ótima festa a todos com banquetes fartos e muito divertimento!
Sucesso também aos que possuem tendas e se dedicam à s vendas de animais para o sacrifÃcio e utensÃlios em Jerusalém. Que não sobre nenhum estoque em seus armazéns!
Jerusalém, abril - ano 785 da fundação de Roma